sexta-feira, dezembro 21, 2007

Jantares de Natal


Já o ano passado debatida a questão por ter ficado chocada com a humilhação que passei por não saber quem era o Tony Carreira, este ano põe-se no mesmo tema outra dúvida: é a dos jantares de Natal que falo e as trocas de prendas, como sub tema intrigante.

Porque é que metade das pessoas que vão ao Natal do trabalho andam a esforçar-se para que as prendas simbólicas sejam divertidas e incitem a gargalhada, e outros tentam arruinar o jantar com a bela da caixa do bombom: aquilo não pretende ser divertido? Não é que não esboce sorrisos quando como bombons, mas penso que se impunha um esforço diferente. Sei que não devia sentir porque foi de coração que se ofereceu isso mas a verdade é que o bombom defrauda a pessoa que procurou a tanga mais arrojada e esperou que ela calhasse ao colega gordinho careca, ou aquela outra que se deu ao trabalho de fazer um cartão para colocar em volta de um rolo de papel higiénico que por acaso me calhou e que dizia “Nunca se sabe como podem acabar os jantares de Natal… Bom proveito! (Desculpa o orçamento era curto!)

...e defrauda-me a mim que por me chamarem treza alface me dei ao trabalho de ir embrulhar uma alface como se fosse um ramo de flores com uma fita de Natal e que tive a sorte de calhar à patroa para poder ser gozada pelo menos até à Páscoa com a frase: Epá, tens coragem para tudo até para oferecer alfaces à patroa. Quando isto nem sequer é legítimo porque só forjamos um resultado da troca, supostamente, aleatória e nem sequer foi esse!

Além do mais quem se priva de oferecer estas prendas originais, também se priva de momentos agradabilíssimos como foram os da busca da prenda. Quando cheguei ao lugar do Sr. Francisco, Lugar sem nome porque é a mercearia dessa grande aldeia que é o centro comercial do Carmo e nem precisa de ter nome porque todos sabemos quem é o Sr. Francisco, e expliquei a que vinha, a alegria que invadiu a senhora por estar a participar no esquema tramado para os meus colegas de trabalho foi mesmo uma coisa bonita de se ver. É que fique indecisa entre oferecer um molho de brócolos ou uma alface para fazer juz ao nome e pedi conselho. Naquele momento a senhora deixou de estar num na mercearia, o seu imaginário remeteu-a a mais bela florista que poderia ser e mostrava-me os legumes que poderia fazer melhor figura e incentivou-me a levar a alface porque dava um bonito ramo! Foi lindo aquele momento… olhe para isto, fresquinha, com esta folhagem faz um ramo e peras! E tinha razão, fez sim senhor!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O Sorriso

Depois de ver este documentário surgiu a ideia de fazer o trabalho de Sociologia sobre o sorriso. Obrigado Pedro por ter oferecido este vídeo.


E quando o momento finalmente chegou, eu não tinha ideia do que poderia acontecer, a câmara a gravar, as perguntas estão prontas, Dalai Lama olhou para mim, voltou-se e sorriu. Comecei!

Tenho viajado à volta do mundo por muitos muitos anos, acerca de 20 anos, e tenho explorado culturas, sociedades e pessoas. Tenho tido muita sorte nestes últimos dez anos porque me foi pedido que fizesse documentários sobre diferentes países. Vou lá, vivo lá e exploro-os de maneira a percebe-los realmente.

Eu disse a sua Santidade que em todos os sítios do mundo onde eu já estive, incluindo na índia, reparei sempre que as pessoas mais felizes que eu conheci eram as mais pobres. Podemos ir aos piores sítios de Calcutá ou Bombaim e ver mais sorrisos nas caras das pessoas que veríamos entre os ricos e privilegiados. Há uma história antiga que conta que perguntaram a um Padre se ele preferiria consolar os ricos ou os pobres. Ele respondeu que preferiria consolar os ricos, porque os ricos sabem que ter mais dinheiro não resolve os seus problemas. Ao que parece, se tiveres muito pouco na vida, tens muito pouco com o que te preocupar, por outro lado se tiveres muito, pode ser que tenhas muito a perder. Pagava para ver o mesmo tipo de sorrisos nas caras dos mais famosos e ricos da Índia que posso ver nos rostos dos seus camponeses, do seu povo.

Então, porque é que, ao que parece, a Índia é um país muito mais rico a determinado nível do que a América (EUA)?

Demasiada ganância, desejo ilimitado. Isso também como fonte de problemas, fonte de sofrimento.

Individualismo também. Se mantiveres sempre o sentimento ‘mais, mais, mais’ até ao seu último dia, essa pessoa nunca estará satisfeita, quer sempre ‘mais, mais, mais’. Então, mentalmente, essa é uma pessoa muito pobre. Tem sempre fome, está sempre com fome de algo. Então, alguém que seja de uma família pobre, mas que diariamente tem as suas necessidades básicas saciadas, permanece feliz. Isso significa o que eu penso, que mentalmente... [é] realmente rico.

Também penso que a satisfação é também muito importante. [Satisfação: usada aqui num sentido Budista de satisfação como libertação de ansiedade, libertação do desejo ou de necessidade, libertação do ‘querer’]

É verdade que as pessoas na Índia e no Tibete parecem contentes, satisfeitas, mesmo que tivessem vidas ou realizassem trabalhos que nenhum americano normal considerasse fazer. Mas ainda mais do isso, a vida é verdadeiramente difícil nestes países, mas o crime, os abusos, assassinatos são extremamente baixos comparados com os países ocidentais. A Índia ou o Tibete não têm prisões superlotadas com criminosos violentos. As pessoas no Ocidente parecem tão apressadas e zangadas, ao passo que as pessoas destas regiões parecem ter paciência infinita.

Serão eles mais resignados, aceitando o seu destino, ou é a resposta bem mais complexa que essa?


sexta-feira, dezembro 14, 2007

Estudiante! Un dia...de Bellas artes, ahora...

... trabajo social :)

'Estudiante'
Ilustração de Gustavo Aimar

Este blog é pessoal, nunca pretendeu valer que uma opinião dada aqui seria bem pensada, ou útil, ou mais válida que outra qualquer. Desde o seu primeiro dia que se desvinculou dessas preocupações. Por isso, mais uma vez me proponho falar de mim, (sei que não faz muito sentido, porque é um blog para mim mas convenhamos que quanto mais diálogo interior maior o crescimento pessoal!).

Ontem tive uma experiência muito positiva. Falando com um rapaz na biblioteca do Politécnico resgatei num minuto as experiências maravilhosas que tive no meu percurso em Belas Artes e por isso me apeteceu falar aqui…

Hoje são todas experiências maravilhosas mesmo as que me arrancaram do fundo do peito as mais amargas lágrimas. São hoje recordações óptimas, mesmo os murros no estômago que os professores amargos nos faziam questão de dar, todos as pegadas nas costas que nos ficavam das humilhações constantes em que nos faziam sentir tapetes rastejantes onde sacudiam as botas velhas, carregadas de intelectualidade obsoleta e sem qualquer cuidado humano.

São boas, porque me levaram ao que sou hoje, porque me trouxeram a Beja, porque depois de me atirar para o fundo me trouxeram ao optimismo e à esperança de que a arte não é assim. Trouxeram-me a este curso que adoro, cheia de muito mais vontade do que aquela com que fui… e se é verdade que linguisticamente não deveria tê-lo dito assim, ainda é mais verdade que o meu português é pouco para falar de sentimentos tão bons como este.

Falávamos ontem e eu pensava no percurso até aqui, e o que me motiva a estar hoje no curso em que estou, e na vontade que tenho de um dia passar na arte a alegria que dela retiro, passar a paz que ela me dá, passar a cura que ela me trouxe. Quero resgatar essa arte, a arte com capacidade transmutadora num olhar apenas, e possibilidades gigantescas num trabalho mais continuo, numa observação mais duradoura. Esse sentimento pela arte que perdi quando ela começou a ser uma obrigação de ser melhor, de ter uma carreira, de mostrar que podia fazer mais e melhor, de demonstrar que podia ganhar muito dinheiro e trabalhar com grandes escultores. Não quero mostrar nada, quero vive-la simples, como ela é.

Quem não lhe responde na língua em que nos fala raramente a entende e grita-lhe barbaridades… mas a arte é simples, se for vivida com a naturalidade de uma manhã em casa com torrada e chuva lá fora. Quero ser apenas, criar sempre que apeteça, quero que apeteça ainda mais para poder dar ao meu tempo cada vez mais desses momentos como os que tive ontem falando contigo… Obrigado, por relembrar-me que esta escolha cansada de fazer este curso me faz imensamente feliz!

domingo, dezembro 09, 2007

Vintage Girl


Fui até hoje aquela aluna que nunca cabulou porque não é correcto, que expõe as suas dúvidas quando não sabe, que devolve dinheiro se o vir cair de uma carteira, que denuncia os carteiristas mesmo que seja um grupo de marroquinos capaz de dar uma grande sova. Sou aquela pessoa que respeitou sempre as namoradas dos amigos mesmo que nem as conhecesse ou mesmo quando os próprios amigos não as queriam respeitar. Sou aquela menina que ainda acredita que em Beja ainda há futuro, que não vale a pena entregar-se seja aquilo que for, sou aquele tipo de menina que quer estar sossegada no seu canto e que poucas foram as vezes que na sua adolescência tentou seduzir alguém, que me mantive discreta e fiel à crença que sem amor não há mais do que a amizade possível e que é o único que posso dar. Sou aquele tipo de pessoa que as minhas colegas de trabalho acham que já não existem e que é um pouco antiguinha. Sou aquele tipo de pessoa que não rouba clipes do trabalho e que paga um bilhete mesmo que seja por duas paragens de metro.

Sou assim. É o que é, é como sou, não é bom, não é mau, é o que é. Nos últimos dias, circunstâncias várias (porque não foi apenas uma e porque as aprendizagens do mesmo tipo agrupam-se nas nossas vidas para que não as possamos ignorar e assim assimilar melhor!) fizeram-me pensar se valerá a pena ser assim! Para mim vale a pena, claro que sim! Só o facto de ser como sou me faz tremendamente feliz, a questão é o incómodo que isto tem trazido ao meu redor! É de tal maneira estranho que todos me tomam por aquilo que são! Se é uma mulher e ela teria sido capaz de me trair, acho que eu traio mas que finjo que não o faço! Se é um homem que pensa que poderia ser capaz de roubar, olha para mim e não confia porque acha que finjo apenas que sou assim!


Se é certo que todos nos projectamos e que também eu projecto nos outros aquilo que sou, a verdade é que projecto sempre uma certa confiança em relação aos meus próprios valores. Penso logo à partida que o outro me quer ver, a mim, como sou, conservadora, respeitadora, mas, de novo a questão do outro. É mais fácil ser O Outro o culpado e ser maldoso, do que a maldade estar na minha mente, poupando constrangimentos. Não há culpas, há responsabilidades e posso ser responsável por não ser sempre o mais clara que posso ser, essa responsabilidade é minha. Sou transparente, quando gosto digo, mesmo que isso não seja sequer do agrado de quem gostaria de saber o contrário, quando não quero não uso subterfúgios. Meninas, não quero os vossos namorados, não quero os vossos interesses, nem os meus eu persigo!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Porque hoje foi um dia mais escuro...


símbolo da vigilância, da meditação e da capacidade de enxergar nas trevas


quinta-feira, dezembro 06, 2007

Um dia sem café e muito nevoeiro

O dia que começa com dor de cabeça e com um shot de Aspegic não alvitra ser um bom dia, já falta o café, temos de sair, não se vê quase nada do nevoeiro que invade a cidade, mas como a vida é linda vale a pena sair de casa sorrindo. Vou ouvir algumas pessoas falar sobre os media e as crianças, o dia promete e pensar positivo nunca fez mal a ninguém.

Imagem do VisualBlog 3191

Foi realmente interessante o que ouvi depois, mas ao mesmo tempo não deixa de ser triste perceber o quão desinteressadas andam as pessoas. Os órgãos de comunicação desresponsabilizam-se e dizem que são os pais e educadores que devem educar e restringir os acessos aos média para as suas crianças, os pais quando chega a altura de se documentarem para saber o que há a fazer não aparecem. A polícia de segurança pública falou antes da palestra a que assisti, tentou fazer uma acção numa escola, para pais, nem um assistiu!

O dia segue e ficam ideias no ar, quase toda a manhã penso que não é possível que as crianças não gostem mais de ouvir contos, de ver ilustrações, ir passar tardes na mata e aprender a andar de bicicleta, gastar lápis de cera até não haver mais, desenhar no chão da sala enquanto perguntamos todos os porquês que conseguimos. Custa-me muito pensar em como se poderá adaptar um filho nosso (seja quem for o outro, mas um filho nunca é só meu!) a um conjunto de crianças com os polegares desenvolvidos por causa da Palystation! Preciso de acreditar que as crianças ainda gostam de andar descalças na relva e de jogar à bola… Acredito, Sorrio! Saio da escola mas tenho que levar um livro a minha mãe, com uma aula cheia de crianças que adoramos, temos mesmo que não esquecer que é sempre preciso acreditar, e que qualquer começo é um começo e vale sempre a pena começar.

Um dos intervenientes, meu professor de Direito, falava na questão (uma das que mais me assusta), falta de cidadania activa (não é que não me assuste que o Diário do Alentejo se defina como Jornal independente que tem hiper sensibilidade a que a maiorias das câmaras são comunas).

Falo algumas vezes disto aqui, e entristece-me a facilidade com que cada um atribui ao outro o que quer que seja, a culpa, se for caso de culpar, a responsabilidade se for caso de fazer ou de actuar. Tudo reside no outro e quase nada em cada um, tudo poderia ser diferente, mas como posso contribuir muito pouco é melhor nem fazer nada. As vidas correm mal, dão sinais de que algo está mal, mas mesmo assim, o outro tem culpa o outro fez mal, o outro poderia ter feito e não fez, aquilo que eu raramente faço e nem vou fazer porque sozinho não sou ninguém! Ainda bem que cada folha não desiste de ser verde, porque se cada folha de árvore fosse como um homem, a maior parte das árvores seriam transparentes. Atribuindo ao outro aquilo que temos de ser, raros são os que vão ter a coragem de ser por todos aquilo que só podem ser por si!

Afinal no outro não mora mais que um outro eu :)


quarta-feira, dezembro 05, 2007

Para quem gosta de Ilustração!

Adoro ilustração e apesar de ter um fascínio maior pela ilustração infantil e em especial sul americana, devo confessar que a Ilustração Portuguesa do início do século XX também não estava mal. É bem certo que não batia a bota com a perdigota, num mesmo anuncio a uma Pasta Medicinal que mata micróbios e que combate as gengivas descarnadas aparece sorrridente atípica mulher portuguesa, linda, com a sua pele muito branca e cabelos louros, como é hábito em nós, nórdicos! Mas também é certo que apelava ao sorriso e ao que é nosso!


Este é um site que promove a Ilustração mais antiga portuguesa e que se atreve a dizer com orgulho que tem fotos da antiga revista Fungagá da Bicharada, nome que fala por si (seria uma espécie de Caras da altura... ora ai esta a fungagá...)



Já agora, o sorriso mais bonito de Portugal é o nosso, vá lá, não custa nada, sorria! :)

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Nulidade e Anulabilidade (esboço)

Materiais para a pesquisa






Posto isto o que é Anulabilidade e Nulidade? Ao fazermos um negócio jurídico um contrato não deveríamos estar salvaguardados, ou teremos mesmo que por a hipótese de só estar havendo estas duas opções?


Direito, palavra direito, em que ajuda o Homem o Direito, a ser Direito, Moralmente Justo ?




Direito, cumpre o carácter do idioma que nos explica (uns contra os outros!)...





domingo, dezembro 02, 2007

Sábado à noite!


Sem muita originalidade é certo, mas urge pensar na felicidade! Saí à noite e não consigo deixar de pensar no quão triste e desorientadas as pessoas andam. Sei também que será essa a sua escolha diária e que devo respeitar… mas não deixa de ser agridoce a experiencia de sair a noite que em mim apenas se repete de 3 em 3 meses, se tanto!

Sou muito observadora, observo os sorrisos que se desfazem assim que ninguém está a olhar, a tristeza por trás do álcool e a falta de assunto brutal que leva todos a comentar todos, ou a ter conversas inteligentes apenas como forma de engate desesperado.

Muitas mulheres querem encontrar ali as suas histórias de amor para uma vida, mas os homens querem ali a queca de uma noite. Elas pensam… e se for este? Não posso arriscar… e dão tudo, dão tudo na aposta, dão tudo descontraidamente, para sofrer depois… porque uma entrega desesperada tem também os momentos que se sucedem, momentos angustiados atrás do telemóvel pensando se ele vai dizer alguma coisa ou não.

O medo de estar sozinha e estar a ser rejeitada, passa a desespero, no fim-de-semana seguinte tem que se provar que se é capaz de estar acompanhada. E uma mulher, quando quer, volta sempre acompanhada.

Os homens bebem, bebem e ali estão, olhando o gado, escolhendo a presa, passa uma, giram a cabeça, tentam meter a mão, inclinam-se para tentar sentir com as calças a mulher que lhe passa a frente.

Gosto de sair de vez em quando, gosto de falar com os amigos estar com eles, não gosto do que vejo na noite, porque me faz pensar em que a busca está no complicado, num processo infinito que nunca está ao alcance. Acredito que a felicidade é simples e está nas nossas mãos e não nas outras.

Sou o ser estranho para este mundo, não bebo, não fumo, sou solteira. Dizem-me ‘Diverte-te mulher, bebe lá, fuma lá, procura alguém, diverte-te!’ Tenho um sorriso na cara, estou feliz, vivo a minha vida a calma que me diverte, provo a cada dia o seu sabor e bebo a cor do Outono se é Outono, do verão se é verão, adoro cada dia porque ele me traz sempre algo com que eu ganho, vivo uma semana que não é só quinta e sábado, e vivo um dia que tem dia e noite, e noite com estrelas lua e sem fumo nos olhos, sem dor nos pés, sem apalpões. Porque me sugerem uma coisa que não me parece que nem a vocês agrade?

Gosto de sair, e diverti-me realmente, nessa busca desesperada de uma felicidade que vive fora, que depende somente da correspondência do outro não encontrei. A minha felicidade é simples e vive dentro, mas isso é demasiado simples para se poder acreditar!

Fotos by O5car